segunda-feira, 23 de julho de 2012

Papo de surdo e mudo


Atendente 1: Boa tarde, senhor.
Cliente:         
Atendente 1: Senhor... Boa tarde.
Cliente: [faz alguns gestos]
Atendente 1: Vixi... O homem é surdo!
Atendente 2: Quem é surdo?
Atendente 1: Shhhhhhhhh...
Atendente 2: Shhhhhhhhh o quê? Você não disse que o homem é surdo?
Cliente:
Atendente 1: Disse, mas não tenho certeza.
Atendente 2: Deixa comigo. Senhor? Psiu?! Se-nhor?
Cliente: [faz alguns gestos]
Atendente 2: É, ele é surdo mesmo.
Cliente:
Atendente 1: E agora, como é que a gente faz?
Atendente 2: Fala com o gerente.
Cliente:
Atendente 2: Fulano, aquele senhor é surdo.
Atendente 1: Não aponta, mané!
Cliente: !!!
Gerente: O que houve?
Atendente 1: Acontece que aquele senhor, aquele com camisa verde claro...
Atendente 2: É azul.
Atendente 1: Azul seu rabo!
Gerente: Dá pra parar?!
Cliente: !
Gerente: O que houve? Você.
Atendente 1: Acontece que aquele senhor ali... Êta, quase apontei! Então, acontece que ele é surdo.
Cliente:
Gerente: Surdo?
Atendente 1: Sim, surdo.
Gerente: Mas como assim surdo?
Atendente 2: Surdo, surdo, sabe?
Gerente: Sei...
Cliente:
Atendente 3: Desculpa, atrasei só dez minutinhos o meu almoço.
Atendente 2: Aquele homem ali... DISFARÇA!... Então, ele é surdo.
Atendente 3: Mas é surdo, surdo, ou só surdo?
Atendente 2: Só surdo.
Atendente 1: Mas será que é de nascença?
Cliente:
Gerente: E o que diabo isso tem a ver?
Atendente 1: Porque se for de nascença não há absolutamente nada que a gente possa fazer. Mas se ele ficou surdo depois de velho...
Atendente 2: Santo Deus!
Atendente 3: Santo Deus o quê?
Atendente 2: O homem é surdo de nascença.
Atendente 3: Como é que você sabe?
Atendente 2: Sabendo, oras.
Atendente 1: Hm.
Gerente: Olha lá, ele tá chamando você!
Cliente: [acenando]
Gerente: Vai lá.
Atendente 3: Eu não.
Atendente 2: Eu também não.
Gerente: Vai você, então.
Atendente 1: Por que eu?
Gerente: Porque eu sou o gerente e tô mandando, poxa!
Atendente 1: !
Cliente: !!!
Atendente 1: O-se-nhor-me-com-pre-en-de?
Cliente: [faz alguns gestos]
Atendente 1: Ô, vem cá alguém que entenda essas coisas de mímica.
Atendente 2: Bo-a tar-de [tenta alguns gestos]
Cliente: [faz alguns gestos]
Atendente 2: Que porra será que ele tá querendo?
Atendente 3: Ele tá pedindo alguma coisa.
Cliente: [repete os mesmos gestos]
Atendente 1: O que será que ele quer?
Cliente: [insiste nos mesmos gestos]
Gerente: Ele quer um pedaço de papel.
Atendente 2: Ah, papel. Que simples.
Gerente: Pega um pedaço de papel pra ele. E uma caneta também.
Atendente 3: Tá aqui, ó.
Gerente: Ele tá escrevendo.
Atendente 1: Pelo menos escrever ele sabe,
Atendente 2: Além de surdo-mudo, ser analfabeto... Aí é dose, hein!
Cliente: [escrevendo]
Atendente 3: Ele é surdo, ou mudo?
Gerente: Os dois.
Atendente 3: Hm.
Atendente 2: Pelo menos não é analfabeto.
Atendente 1: É.
Gerente: Olha lá.
Atendente 3: O quê?!
Cliente: [mostra o papel]:
VAI TOMAR NO...!

Gilmar Ribeiro (piu!)
11/07/2012, às 09h41
*Não revisado

Nenhum comentário:

Postar um comentário