Maria Antonieta, ao chegar
do trabalho, surpreende o marido na cama com outra. Possessa, indaga:
–
Mas que
porcaria é essa, Sebastião?
Sebastião responde,
calmamente:
–
Não, eu
não posso explicar.
–
O quê? – retruca
a mulher.
–
Não vou
mentir para você e dizer “Calma, eu posso explicar tudo”. Como você mesmo pôde
ver eu cometi um adultério. Está feito.
–
E quem é
essa vagabunda?!
–
E como é
que vou saber? Como você mesmo acabou de dizer é uma vagabunda. Qual é mesmo a
sua graça, minha filha?
–
Me chamo
Jéssica.
–
Ela diz
que se chama Jéssica. Deve ser falso. Também disse que era virgem. Dá para
acreditar...
Maria Antonieta fica admirada
com a calma reação do marido e diz, já com os olhos cheios de lágrimas:
–
Como você
pôde fazer isso comigo, Sebastião? Como é que pôde fazer isso com a gente?
Sebastião, ao ver a esposa
desmanchando-se em prantos, responde:
–
Fiz da
mesma maneira que você compra as suas bolsas caríssimas: sem pensar duas vezes!
Além do mais Jéssica – olha para a moça como quem pergunta ‘É Jéssica, né?’ –
dá bem menos despesa que você, e ainda realiza todas as minhas fantasias.
Não satisfeito em humilhar a
esposa traída, Sebastião deu continuidade em sua prosa:
–
Também não
vou dizer que o problema sou eu. Qual é, o problema sempre foi você, Toninha.
Agora vê se me erra que eu quero é paz.
Maria Antonieta, cansada de
toda aquela situação, começa praguejar e fazer xingamentos ao marido:
–
Paz é a
puta que te pariu, seu cafajeste! E tem mais, não fique você pensando que vai
ficar por isso mesmo, Tião! Eu não vou descansar enquanto não te ver falido, na
sarjeta, comendo o pão que o Diabo amassar. Eu quero que você morra. Consegue
entender isso?
Olha para a jovem meretriz e
pergunta:
–
E você não
sente vergonha, uma moça tão linda saindo com homens casados? Onde já se viu?!
–
Mas ele
não disse que era casado – responde a moça.
–
Ah, não
disse... Então quer dizer que para as suas vagabundinhas você é livre, leve e
solto?
–
Com
licença, dona, mas eu não sou vagabunda – diz a moça em seu próprio favor –, só
estou nessa porque preciso do dinheiro para pagar a minha faculdade.
–
É verdade,
Toninha, não deveria falar assim de uma pessoa que você nem mesmo conhece – diz
Sebastião, com sorriso irônico.
Maria Antonieta, sem saber o
que fazer, lança mais meia dúzia de injúrias contra Sebastião e depois,
conduzida por extrema emoção, começa a chorar e declarar ódio profundo ao
marido.
Gilmar
Ribeiro (piu!)
02/07/2012, às 22h58
* Não revisado.
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