Um dia desses, seu Otávio estava lendo “A vida como ela é”, de Nelson Rodrigues. Seu filho, de apenas sete anos, ao ver a leitura do pai, perguntou:
– Papai, o que você está lendo?
O pai responde, mas sem prestar muita atenção:
– Um livro de Nelson Rodrigues.
– E quem é esse?, perguntou o filho.
– É um escritor... Cronista e dramaturgo. Muito bom. Você deveria ler... Mas só quando adulto!
O filho, no ápice da curiosidade, perguntou novamente:
– Por que só quando adulto? Crianças não leem livros desse escritor?
– Olha meu filho, não é uma leitura muito indicada para crianças de sua idade. Ele aborda questões mais adultas, como, por exemplo, adultério.
– Adul o quê? Pergunta o filho, seguido de uma expressão que demonstrava bem toda sua dúvida e inocência.
– É coisa de adulto, menino. Por que você não vai brincar com o Zequinha? Vá lá, vá.
– Mas papai, qual o nome do livro, para quando eu estiver grande poder ler?
O pai, já com pouca paciência, responde:
– O nome do livro é “A vida como ela é”. Agora vá brincar com os outros meninos e deixe o papai terminar a leitura.
O filho, no entanto, se viu na condição de fazer uma última e derradeira pergunta:
– Papai, e a morte, como ela é?
O pai ficou com cara de tacho por não saber o que responder e, mais uma vez, pediu que o filho se retirasse, dessa vez com mais braveza e pulso firme.
Gilmar Ribeiro (piu!)
06.04.2010, às 15:59
* Revisado por Wagner Belmonte (jornalista e professor universitário).
– Papai, o que você está lendo?
O pai responde, mas sem prestar muita atenção:
– Um livro de Nelson Rodrigues.
– E quem é esse?, perguntou o filho.
– É um escritor... Cronista e dramaturgo. Muito bom. Você deveria ler... Mas só quando adulto!
O filho, no ápice da curiosidade, perguntou novamente:
– Por que só quando adulto? Crianças não leem livros desse escritor?
– Olha meu filho, não é uma leitura muito indicada para crianças de sua idade. Ele aborda questões mais adultas, como, por exemplo, adultério.
– Adul o quê? Pergunta o filho, seguido de uma expressão que demonstrava bem toda sua dúvida e inocência.
– É coisa de adulto, menino. Por que você não vai brincar com o Zequinha? Vá lá, vá.
– Mas papai, qual o nome do livro, para quando eu estiver grande poder ler?
O pai, já com pouca paciência, responde:
– O nome do livro é “A vida como ela é”. Agora vá brincar com os outros meninos e deixe o papai terminar a leitura.
O filho, no entanto, se viu na condição de fazer uma última e derradeira pergunta:
– Papai, e a morte, como ela é?
O pai ficou com cara de tacho por não saber o que responder e, mais uma vez, pediu que o filho se retirasse, dessa vez com mais braveza e pulso firme.
Gilmar Ribeiro (piu!)
06.04.2010, às 15:59
* Revisado por Wagner Belmonte (jornalista e professor universitário).