segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

À Gerência


– Com licença.
– Sim.
– O gerente está?
– Não, ele está em horário de almoço.
– Que horas ele volta?
Sobre o que seria?
– O que tenho pra resolver é só com o gerente. Que horas ele volta do almoço?
– Daqui uns... 30 minutos, aproximadamente.
– Tudo bem, eu espero.
– A senhora pode se sentar, se quiser.
– Tá.
[ 30 minutos depois]
– Ele já voltou?
– Oi?
– O gerente, ele já voltou do horário de almoço?
– Ainda não, senhora.
– Ué, mas você disse que ele voltaria em 30 minutos, e já fazem... 31 minutos.
– Faz, senhora.
– Isso, já fazem 31 minutos. Por que a má vontade, rapaz?
– Má vontade?
– É. Agora já fazem... 31 minutos e meio.
– Faz, senhora.
– É.
– Bem...
– Que horas ele volta, rapazinho?
– Ele provavelmente já está... Olha, ele está indo ao banheiro.
– Aonde?
– Acabou de entrar.
– Mas que coisa... Ele teve uma hora inteira pra ir no banheiro e não foi. É muito atrevimento da sua parte, menino!
– Desculpe-me, senhora.
– Isso mesmo, tem que pedir desculpas. Quanto tempo ele costuma demorar no banheiro?
– Olha, isso eu definitivamente não sei, senhora. Se a senhora quiser, a senhora pode...
– Sentar?
– Isso, se a senhora quiser pode esperar sentada.
– Mas já fazem mais de 30 minutos que eu tô esperando.
– Isso.
– Está debochando de mim, rapaz?
– Não, não estou debochando da senhora, senhora.
– Sei...
– A senhora pode aguardar sentada, se quiser.
– Tá.
[5 minutos depois]
– Já fazem 5 minutos. Onde está o gerente, já saiu do banheiro?
– Não sei, senhora, mas a senhora pode aguardar sentada, se quiser.
– Sentada?! De novo?! Olha que vou no PROCON, hein!
– Tudo bem, senhora... É um direito da senhora ir aonde a senhora quiser ir.
– Debochado.
– Não estou sendo debochado. Acontece que a senhora não está facilitando as coisas.
– Algum problema, Diego?
– Finalmente, Fábio. Essa senhora está aqui há mais de 30 minutos querendo falar com você.
– E bota 30 minutos nisso. O senhor é o gerente da loja?
– Sim. Em que posso ajudá-la?
– Esse rapaz é muito atrevido e mal educado. Não sei como contratam qualquer um para trabalhar aqui.
– O Diego é um excelente funcionário, senhora.
– Não, não é não.
– Tenho certeza que houve algum mal entendido, senhora.
– Não houve mal entendido, só esse moleque de uma figa. Botou minha pressão lá pra cima.
– Tudo bem. Peço desculpas por isso, senhora. Em que posso ser útil?
– Rapaz mais atrevido. O senhor que é o gerente, né?
– Isso. Em que posso ajudá-la, senhora?
– É que eu queria deixar o currículo do meu menino aqui.

Gilmar Ribeiro (piu!)
18/10/2011, às 23h45
*Não revisado.