terça-feira, 7 de agosto de 2012

Coisas que acontecem (quase) sempre com (quase) todos os casais


Maria Antonieta, ao chegar do trabalho, surpreende o marido na cama com outra. Possessa, indaga:
        Mas que porcaria é essa, Sebastião?
Sebastião responde, calmamente:
        Não, eu não posso explicar.
        O quê? – retruca a mulher.
        Não vou mentir para você e dizer “Calma, eu posso explicar tudo”. Como você mesmo pôde ver eu cometi um adultério. Está feito.
        E quem é essa vagabunda?!
        E como é que vou saber? Como você mesmo acabou de dizer é uma vagabunda. Qual é mesmo a sua graça, minha filha?
        Me chamo Jéssica.
        Ela diz que se chama Jéssica. Deve ser falso. Também disse que era virgem. Dá para acreditar...
Maria Antonieta fica admirada com a calma reação do marido e diz, já com os olhos cheios de lágrimas:
        Como você pôde fazer isso comigo, Sebastião? Como é que pôde fazer isso com a gente?
Sebastião, ao ver a esposa desmanchando-se em prantos, responde:
        Fiz da mesma maneira que você compra as suas bolsas caríssimas: sem pensar duas vezes! Além do mais Jéssica – olha para a moça como quem pergunta ‘É Jéssica, né?’ – dá bem menos despesa que você, e ainda realiza todas as minhas fantasias.
Não satisfeito em humilhar a esposa traída, Sebastião deu continuidade em sua prosa:
        Também não vou dizer que o problema sou eu. Qual é, o problema sempre foi você, Toninha. Agora vê se me erra que eu quero é paz.
Maria Antonieta, cansada de toda aquela situação, começa praguejar e fazer xingamentos ao marido:
        Paz é a puta que te pariu, seu cafajeste! E tem mais, não fique você pensando que vai ficar por isso mesmo, Tião! Eu não vou descansar enquanto não te ver falido, na sarjeta, comendo o pão que o Diabo amassar. Eu quero que você morra. Consegue entender isso?
Olha para a jovem meretriz e pergunta:
        E você não sente vergonha, uma moça tão linda saindo com homens casados? Onde já se viu?!
        Mas ele não disse que era casado – responde a moça.
        Ah, não disse... Então quer dizer que para as suas vagabundinhas você é livre, leve e solto?
        Com licença, dona, mas eu não sou vagabunda – diz a moça em seu próprio favor –, só estou nessa porque preciso do dinheiro para pagar a minha faculdade.
        É verdade, Toninha, não deveria falar assim de uma pessoa que você nem mesmo conhece – diz Sebastião, com sorriso irônico.
Maria Antonieta, sem saber o que fazer, lança mais meia dúzia de injúrias contra Sebastião e depois, conduzida por extrema emoção, começa a chorar e declarar ódio profundo ao marido.

Gilmar Ribeiro (piu!)
02/07/2012, às 22h58
* Não revisado.