segunda-feira, 26 de março de 2012

Escrevo e ponto

Escrevo porque acho que sei escrever.


Escrevo como quem não quer nada.

Escrevo com certa petulância.

Escrevo para passar o tempo.

Escrevo qualquer porra que vem à cabeça.



Escrevo para os analfabetos.

Escrevo para os que têm fome.

Escrevo para a elite.

Escrevo para Deus e para o Diabo.

Escrevo para todos os santos.

Escrevo em nome dos ateus e agnósticos.



Escrevo para a minha mãe.

Escrevo para mim e também para o outro.

Escrevo para os insones.

Escrevo a fim de tornar-me popular.

Escrevo sem ao menos saber o porquê escrevo...

Mas mesmo assim insisto em escrever.



Escrevo para sentir-me vazio de ideias vazias.

Escrevo em nome dos apaixonados.

Escrevo com a simples pretensão de escrever.

Escrevo enquanto escuto música.



Escrevo roteiros de filmes que nunca sairão do papel.

Escrevo poemas desgostosos e mal escritos.

Escrevo ideias alheias e faço de conta que são minhas.

Escrevo com a pureza e o egoísmo de uma criança.

Escrevo com ar de repetição e monotonia.

Escrevo enquanto escuto música.



Escrevo nos guardanapos do restaurante.

Escrevo cartas que nunca entregarei.

Escrevo frases opacas, sem nenhuma filosofia.

Escrevo crônicas semelhantes às de Rubem Braga, porém de baixa qualidade.



Escrevo com demasiado pessimismo.

Escrevo já pensando no fracasso do que escrevo.

Escrevo com o pé no chão.

Escrevo e ponto.



Gilmar Ribeiro (piu!)


21/09/2011, às 22h25

Não revisado.