Façamos uma análise dessa maravilhosa época que é o
Natal: tem propaganda mostrando como é fácil preparar o peru da Sadia; tem
emaranhado de pisca-piscas mal colocados nas varandas; preços exorbitantes dos
panettones top (Bauducco, Visconti, Nestlé...), enquanto os tidos como
“genéricos” são abandonados nas prateleiras; quantia considerável do 13° gasta
em presentes caros e/ou supérfluos e, como não poderia faltar, muita hipocrisia
e tapinha nas costas: “FELIZ NATAL, querida”.
25 de
dezembro, dia em que se comemora(ria) o nascimento de Cristo. Ah, mas isso já
faz tempo, não? E Ele que me perdoe, mas é assim que levamos o nosso Natal:
vazio, sem graça e sem
cor. Roupinha vermelha do Santa Claus uma ova! Dizem (as más línguas bolcheviques) que o bom velhinho usava verde, mas se vendeu a uma
grande indústria petrolífera – mesma fabricante da Coca-Cola® –, daí passou a usar
o gorrinho vermelho.
Natal
americanizado. Até a ideia de neve nós compramos – e vendemos!. Detalhe:
vivemos num país tropical, abençoado por Deus... Vale a repetição: país
tropical. Neve? Só se for no Sul do Brasil – isso se os turistas tiverem sorte.
E a chaminé? Ah, essa sim me fascina. É sério, você conhece alguém que tem
chaminé em casa? Provavelmente não.
Também tem
as cartinhas destinadas ao bom velhinho. Antigamente eram pedidos bonitinhos,
com brinquedos simples, como bolas, bonecas de pano, peões... Agora são pedidos
caríssimos: Smartphones, Tablets, Home Theaters, TVs de led 42”... Enfim, a lista é vasta e repleta de coisas
inúteis, mas que ninguém consegue ficar sem. Daí talvez um bom motivo para
mudarmos o conceito de “inutilidade”. (Fazer nota disso). Ah, e nem precisa
mais ficar mais naquela neurose de ser uma boa criança; hoje em dia qualquer
fedelho mal-criado recebe os presentes oriundos do saco do Papai.
E a ceia
de Natal? Essa é maravilhosa. Sempre vem aquele seu tio cuzão
irreverente que se acha o máximo, que conta as melhores piadas e faz todo mundo
rir – mesmo que forçadamente; sempre tem aquele comboio de primos que você nem
sabia que existia: Cleber, Vinicius, Maricélia, Aninha, Júlia, Henrique, Cauê,
Pedrinho, Tiago, Stefan, Jaqueline, Leandro, Davi, Eric... Ufa! Mas a melhor
parte da ceia (na verdade a única parte que vale a pena) é a comida: tem arroz
de forno, peru de Natal (Sadia, é claro),
farofa, cuscuz paulista, torta de frango, mesa de frutas, pudins, manjar de
coco, gelatinas... Hmm, até salivei!
Também tem o “Roberto Carlos Especial”.
Especial por quê? Tá certo que é só uma vez ao ano, mas é todo ano – isso sem falhar NUNCA! Não vejo nada de especial numa
coisa que sabemos, com mais de 300 dias de antecedência, que irá acontecer. Sem
contar o número alarmante de velhinhas que enfartam durante o show. Roberto
Carlos Especial é um problema de saúde pública!
Enfim, Natal é isso: fazer uma decoração
tosca e mal diagramada na varanda de casa; consumir panettones genéricos com
demasiado ânimo e felicidade (afinal, é melhor do que nada); colocar Jesus para
escanteio; pedir presentes caros e desnecessários (trabaia não pra vê!); se empanturrar com tudo que aparecer na
frente... Enfim, Natal é isso: FELIZ NATAL, Fulano (a) – seja lá o que isso
signifique.
Gilmar Ribeiro (piu!)
24/12/2021, às 01h48
Não revisado.