domingo, 25 de novembro de 2012

Pipoca do diabo



E caminhava cautelosamente pelas ruas de seu bairro; já passava das 21h15. Não devia nada a ninguém, mas, devido essa terrível onda de ataques inesperados – até porque se fossem esperados não seriam ataques –, ele vivia constantemente refém do medo.
Se passasse uma moto qualquer na rua já imaginava  a pior das cenas: PÁ-PÁ! E estaria morto, caído ao chão. Se visse um propício assassino na sinistragem das ruas (como ele mesmo dizia) já era sinal de alerta, pois, a qualquer momento, PÁ-PÁ! E tudo estaria fatalmente acabado. Se alguém parasse para lhe pedir informação PÁ-PÁ! Carros pretos PÁ-PÁ! Não podia vacilar.
Seus pensamentos circundavam a mórbida e já obsessiva ideia de morte por arma de fogo. Não conseguia pensar em outra coisa se não em PÁ-PÁ-PÁ! Desconfiava de todos: homens, mulheres, civis, fardos à paisana, usuários de entorpecentes, meninos vida-loka...
Viu passar o velhinho que vende pipocas; desejou-lhe boa noite e sorte nas vendas. Continuou pensando em toda a terrível onda de violência urbana que o aprisionava em um mun... PÁ-PÁ-PÁ! Abruptamente o velhinho tirou um 38 de dentro das pipocas e o matou à queima roupa.

Gilmar Ribeiro (piu!)
26/11/2012, às 00h57
Não revisado

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