E caminhava cautelosamente pelas ruas de seu
bairro; já passava das 21h15. Não devia nada a ninguém, mas, devido essa terrível
onda de ataques inesperados – até porque se fossem esperados não seriam ataques –, ele vivia constantemente refém do
medo.
Se passasse uma moto qualquer na rua já
imaginava a pior das cenas: PÁ-PÁ! E estaria morto, caído ao chão.
Se visse um propício assassino na sinistragem
das ruas (como ele mesmo dizia) já era sinal de alerta, pois, a qualquer
momento, PÁ-PÁ! E tudo estaria fatalmente
acabado. Se alguém parasse para lhe pedir informação PÁ-PÁ! Carros pretos PÁ-PÁ! Não
podia vacilar.
Seus pensamentos circundavam a mórbida e já obsessiva
ideia de morte por arma de fogo. Não conseguia pensar em outra coisa se não em PÁ-PÁ-PÁ! Desconfiava de todos: homens,
mulheres, civis, fardos à paisana, usuários de entorpecentes, meninos vida-loka...
Viu passar o velhinho que vende pipocas;
desejou-lhe boa noite e sorte nas vendas. Continuou pensando em toda a terrível
onda de violência urbana que o aprisionava em um mun... PÁ-PÁ-PÁ! Abruptamente o velhinho tirou um 38 de dentro das pipocas
e o matou à queima roupa.
Gilmar Ribeiro (piu!)
26/11/2012, às 00h57
Não revisado
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